24 de Junho (CE) / 07 de Julho (CC)
O profeta são João Batista é o mais venerado santo
após a Virgem Maria. Ele é lembrado e festejado nas seguintes datas: 6 de
outubro — concepção, 7 de julho — nascimento, 11 de setembro — decapitação, 20
de janeiro — Sinaxe do são João Batista, ligado à Festa de Teofania, 9 de março
— 1a e 2a Revelações da sua cabeça, 7 de junho — a 3a Revelação, 25 de outubro
— a trasladação da sua mão direita da ilha de Malta para a Gatchina (perto de
São Petersburgo).
O profeta João Batista era filho do sacerdote
Zacarias (da geração de Aarão) e da justa Isabel (da geração de Davi). Eles
moravam perto de Hebron, nas montanhas, ao sul de Jerusalém. Ele era parente do
Nosso Senhor Jesus Cristo por parte de sua mãe e nasceu 6 meses antes Dele.
Conforme nos relata o Evangelho, o arcanjo Gabriel apareceu ao seu pai no
templo, anunciando o nascimento do seu filho. E eis, na justa família de pais
idosos, que não tiveram filhos, enfim nasce um filho que eles sempre pediram a
Deus.
Pela graça de Deus ele não foi morto no meio de
milhares crianças massacradas em Belém e seus arredores. São João cresceu num
deserto inóspito, preparando-se através de uma vida austera para a grande
missão — jejuando, rezando e meditando sobre as coisas Divinas. Ele vestia uma
veste rústica, de pelos de camelo e um cinturão de couro, e comeu mel silvestre
e gafanhotos. Ele permaneceu lá no deserto até, aos trinta anos, ser chamado
pelo Senhor para a pregação ao povo judeu.
Obedecendo à esta chamada, o profeta João foi até o
rio Jordão, para preparar o povo para a recepção do esperado Messias (Cristo).
Preparando-se para a festa de purificação, o povo costumava vir até o rio para
as abluções rituais. E foi aqui que João começou pregar a eles a penitencia e o
batismo para a remissão dos pecados. A essência de sua pregação visava a
mostrar ao povo que antes de lavar o corpo, é necessário purificar-se espiritualmente,
e desta maneira preparar-se para a aceitação do Evangelho. Naturalmente, o
batismo de João ainda não era o batismo cristão, efetuado pela obra Divina. O
sentido deste batismo era preparar o povo para o batismo futuro pela água e
pelo Espirito Santo.
Numa das orações o profeta João é comparado à uma
estrela da manhã, que com o seu brilho excedia o brilho de todas as outras
estrelas e anunciava a manhã do dia abençoado, iluminado pelo Sol espiritual de
Cristo (Mal. 4:2). Quando a espera de Messias chegou ao seu ponto culminante, o
Próprio Salvador do mundo, Senhor Jesus Cristo veio até João no rio Jordão para
ser batizado. O batismo de Cristo foi acompanhado por fenômenos milagrosos — a
descida do Espirito Santo na forma de um pombo e a voz de Deus Pai do céu:
"Este é o Meu Filho dileto ..."
Tendo recebido a revelação a respeito de Jesus
Cristo, o profeta João dizia ao povo: "Este é o Cordeiro de Deus, que toma
sobre Si os pecados do mundo." Quando dois dos discípulos de João ouviram
isto, eles logo seguiam Jesus Cristo. Estes dois discípulos eram João o Teólogo
e André, o Primeiro Chamado, irmão do Simão Pedro.
Com o ato de batismo, o profeta João como que
terminasse a sua missão profética. Ele não tinha medo de mostrar todos os
vícios e pecados tanto dos homens simples, como dos poderosos. Por tudo isto
ele logo sofreu.
O rei Herodes Antipas (filho do Herodes Grande)
mandou prender o profeta João e mete-lo na prisão porque o profeta o acusava de
ter abandonado a sua legitima esposa (filha do rei da Arábia, Arefa) e
convivendo em concubinato com a Herodíades. Herodíades era esposa do irmão de
Herodes, Felipe.
Herodes promoveu um banquete no dia do seu
aniversário, do qual participaram muitos convidados. Salomé, filha da ímpia
Herodíades, dançava uma dança sensual e Herodes, junto com os outros
convidados, ficou tão fascinado, que jurou à Salomé cumprir qualquer desejo
dela, até presentea-la com a metade do seu reino. A bailarina, ensinada pela
sua mãe, pediu lhe dar num prato a cabeça de João Batista. Herodes respeitava
João como profeta e portanto entristeceu-se com este pedido. Porém, ele teve
vergonha de quebrar o juramento e assim mandou o guarda para a prisão para
decapitar o profeta. A cabeça do João foi entregue à moça, a qual levou-a até a
sua mãe. Herodíades, após ter profanado a cabeça do santo, a jogou num lugar
imundo. Os discípulos do João Batista sepultaram o corpo dele na cidade de
Sebaste, na Samária.
No ano 38 d.C. Herodes foi castigado pelo seu
crime: o seu exército foi derrotado por Arefa, que empreendeu a campanha
militar contra ele para vingar a desonra de sua filha, abandonada por Herodes
por causa da Herodíades, e no ano seguinte, o imperador de Roma, Calígula,
condenou Herodes e o deportou para uma prisão.
Conforme a tradição, o Evangelista Lucas, que
visitava várias cidades, pregando o Evangelho, levou consigo da Sebaste uma
parte da relíquia do grande profeta — a sua mão direita. No ano 959, quando os
maometanos conquistaram a Antioquia, (durante o reinado do imperador Constantino
Porfirogenito), o diácono Jó trasladou a mão do Precursor da Antioquia para a
Calcedônia, de onde ela foi levada para a Constantinopla e onde ela foi
guardada até a tomada da cidade pelos turcos. Depois, a mão direita do são João
Batista foi guardada em São Petersburgo, na igreja de Nosso Senhor Aquiropita,
no Palácio de Inverno.
A santa cabeça do são João Batista foi encontrada
por uma mulher piedosa, Joana, e sepultada numa urna no monte das Oliveiras.
Mais tarde, um asceta que estava cavando o solo, preparando o lugar para
alicerces de uma nova igreja, achou a relíquia e a guardou consigo. Antes da
sua morte, temendo a profanação por parte dos ímpios, ocultou-a na terra no
mesmo lugar onde ela foi achada. Durante o reinado do imperador Constantino Grande,
dois monges vieram para Jerusalém, para orar no Santo Sepulcro. São João
Batista apareceu a um deles em sonho indicando, onde estava enterrada a sua
cabeça. A partir desta data, os cristãos começaram a festejar o Primeiro Achado
da cabeça do São João Batista.
Foi sobre o João Batista que Jesus disse:
"Entre os nascidos de mulher não existe profeta nenhum maior do que João
Batista." João Batista é glorificado pela Igreja como "um anjo,
apóstolo, mártir, profeta, círio e amigo de Cristo, o selo dos profetas e
intercessor da velha e nova graça, e entre os nascidos, a mais venerável e
luminosa voz do Verbo."
A referência a São João Batista como um “anjo” faz
lembrar que não raramente nos ícones ele é representado com asas de anjo. Com
efeito “era mais que um homem,” como diz o evangelho, e a palavra “mensageiro”
em grego torna se “anjo.” Sendo um dos santos mais venerados no Oriente
bizantino, é compreensível que muitos sejam também os ícones que representam
São João, chamado sobretudo de Precursor. Encontramo-lo representado sozinho,
ou com episódios da sua vida, especialmente o da sua degolação. Nos grupos da
Déesis (ou Intercessão) ele aparece à esquerda do Cristo; à direita está a Mãe
de Deus, ambos intercedendo, de cabeça um pouco inclinada, em atitude de
súplica.
Tropário (4º Modo).
“Profeta e
Precursor da vinda do Cristo, mesmo querendo te honrar, não conseguimos
celebrar-te dignamente. A esterilidade de tua mãe e o mutismo de teu pai cessam
com o teu glorioso e venerável nascimento: por ele a encarnação do Filho de
Deus foi anunciada ao mundo.”
Kontákion (3º Modo).
“Isabel,
antes estéril, hoje gera o Precursor do Cristo: com ele se cumprem todas as profecias.
No Jordão, João, conforme os profetas haviam preanunciado, ao impor as mãos
sobre Jesus, mostra se ao mesmo tempo profeta, arauto e precursor do Verbo
divino.”
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