11 de Julho (CE) /24 de Julho (CC)
No ano 862, os eslavos de Novgorod chamaram Riurik para que
assumisse seu governo. Dois de seus companheiros, Ascold e Dir, deixaram
Novgorod rumo ao Sul do país em busca de fortuna. Às margens do rio Dnieper,
avistaram a cidade de Kiev e a conquistaram. De Kiev, no ano 866, partiram para
Constantinopla. O imperador Miguel III e o Patriarca Fócio, depois do ofício de
Vésperas na Igreja de Vlajern, saíram em procissão às margens do rio Bósforo,
elevando a Deus as suas orações. Durante a procissão, as vestes da Virgem
submergiram nas águas do Golfo. O mar, até aquele momento tranquilo e calmo,
agitou-se de repente, destruindo as embarcações russas. Muitos deles pereceram.
Os que puderam voltar a salvo para as suas casas ficaram muito impressionados
com aquilo, que receberam como um castigo de Deus. (Foi este acontecimento que
deu origem à comemoração do Manto da Mãe de Deus).
Pouco tempo depois chegou a Kiev um bispo vindo da Grécia, e
começou a pregar ao povo eslavo o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo,
falando sobre os extraordinários feitos de nosso Deus, narrados pelas
Escrituras Sagradas, no Antigo e no Novo Testamento. O povo, ouvindo a história
dos três jovens que saíram ilesos de uma fornalha ardente em Babilônia (Dan 3),
interromperam o pregador naquele momento, dizendo: «Se não nos é dado ver algo
semelhante, não poderemos crer nesta história». O bispo, depois de voltar-se em
oração a Deus, atreveu-se a colocar sobre as chamas o Evangelho. Este
permaneceu intacto; nem mesmo as fitas usadas como marcadores de páginas se
queimaram. Este acontecimento milagroso causou grande impacto junto ao povo e,
depois disso, muitos se fizeram batizar. Posteriormente, sobre o túmulo de um
destes cristãos, foi erigida a Igreja de São Nicolau, o Milagroso.
Após Riurik, o país foi governado por Oleg, um de seus parentes.
Oleg conquistou Kiev realizando uma campanha muito bem sucedida contra
Constantinopla (906), negociando com os gregos um tratado comercial altamente
vantajosa para a Rússia. Em 945, após uma nova guerra, Igor, filho de Riurik,
acordou um novo tratado comercial com Constantinopla. O relato deste fato
aponta para a intenção do cronista de nos recordar que a protetora do príncipe
jurou em Kiev a observância deste tratado: os pagãos, diante do ídolo Perun, e
os cristãos, na catedral de Santo Elias. Isto indica que, em Kiev, durante o
governo de Igor, já havia cristãos, até mesmo entre a sua guarda.
A esposa de Igor, Princesa Olga, se destacava por sua beleza,
sua castidade e sua clarividência. Ao ficar viúva, dada a tenra idade de seu
filho Sviatoslav, assumiu o governo da Rússia. Conta-nos a crônica que, para os
inimigos de sua pátria, era temível e terrível. O povo a amava e estimava como
sua própria mãe, por sua misericórdia, a sua sabedoria e senso de justiça.
Santa Olga a ninguém ofendia; julgava com a verdade, impunha os castigos com
clemência, amava os pobres, os indigentes, aos idosos e os deficientes.
Escutava pacientemente todos os pedidos que lhes eram dirigidos e se alegrava
com aqueles que eram justos.
Quando Sviatoslav já era homem adulto, a princesa Olga pode
dedicar-se mais à filantropia. Inclinada ao cristianismo por suas conversações
com sacerdotes de Kiev, conheceu a superioridade da fé cristã sobre o paganismo
e, em 957, decidiu batizar-se. A antiga história conta que, para isso, viajou à
Constantinopla, e que o batismo lhe foi ministrado pelo então Patriarca
Poliecto. O imperador Constantino foi seu padrinho e Santa Olga recebeu o nome
de batismo de Helena. Uma vez cristã, buscou convencer seu filho a se tornar
também cristão. O guerreiro Sviatoslav, porém, não cedeu às suas persuasões. «A
guarda irá rir-se de mim», dizia ele, não proibindo, no entanto, que seus
súditos se fizessem batizar.
De volta à sua pátria, Santa Olga dedicou-se integralmente à
devoção e difusão da fé em Cristo entre os seus súditos.
Conforme a crônica do antigo escritor, Santa Olga, «ao conhecer
o verdadeiro Deus, Criador do céu e da terra, e ao receber o batismo, mandou
destruir os lugares demoníacos (os ídolos dos templos pagãos), e começou a
viver segundo os preceitos cristãos, amando a Deus com todo o seu coração e com
toda a sua alma; seguiu a Nosso Senhor em todas as suas boas obras,
iluminando-se com isso, vestindo aos desnudos, saciando aos sedentos e
acolhendo aos peregrinos, indigentes, viúvas e órfãos, compadecendo-se de
todos, dando-lhes o que era necessário, com serenidade e amor em seu coração».
Santa Olga morreu no ano 969. Seu
corpo foi encontrado intacto durante o governo de Volodemer (Valdomiro ou
Vladimir) que o depositou na igreja de Desiatina. Esta foi, na Rússia, a
primeira ocasião da abertura das relíquias. Posteriormente, Deus glorificou
através dos milagres as relíquias da Princesa Olga, que foi canonizada.
Tropário – Tom 1
Com as asas da sabedoria divina erguendo tua inteligência,
subiste acima das criaturas buscando a Deus, o Criador de tudo,
e encontrando-O, recebeste o nascimento através do batismo,
tal qual árvore de vida, intacta permaneces através dos séculos,
ó Olga sempre gloriosa.
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